Estamos
bem. Não foi nada agradável chegar em casa e descobrir que delinqüentes haviam
invadido nosso cantinho e levado nossas coisas, mas estamos bem. Primeiro notou-se
a falta de uma bolsa. Depois, de mais outra. E então, notou-se uma bagunça fora
do comum em um dos quartos. Pronto. Uma coisa era certa: alguém havia
ingressado na casa sem nossa permissão. Alguém que não conhecíamos, e que não o
fizera com boas intenções. Logo veio o desespero, quando descobriram que,
dentre outras coisas, os documentos e cartões de crédito havia todos
desaparecido. O que fazer? Chamar a polícia e registrar um B.O. Nada mais havia
para se fazer. Estávamos de mãos atadas.
Quando
a policia chegou, teve até quem xingasse os brigadianos, como se isso fosse
resolver alguma coisa. Entendo que no calor do momento parecesse algo bem
sensato a se fazer. Mas de fato nada resolveu. Cheguei a pensar, dada a reação
de algumas pessoas, que nossa viagem terminaria ali, afinal de contas, alguns
sequer tinham o que vestir, com exceção da roupa do corpo. Mas, logo uma luz
surgiu. As carteiras foram todas encontradas e, para alívio geral, todos
documentos e cartões lá estavam, intocados. Mas o choque do ocorrido ainda
assolava nossas mentes. Como? Por que? Quem? Perguntas que fazíamos à toa, pois
as devidas respostas não vieram, nem jamais virão.
Quando
os ânimos se haviam acalmado, foi o momento de alguém tomar a liderança e
encorajar os demais. Agradeço a essa pessoa pelas palavras reconfortantes e
encorajadoras. E destaco um trecho de seu pequeno discurso: “Perdemos muitas
coisas. Mas nós ainda temos uns aos outros, e é o que importa!”. Isso soou tão
bonito, tão maravilhoso, tão... não dá para descrever. Ao menos para mim foi
tocante. E daí que havíamos perdido muitas coisas? Roupas, perfumes, sapatos,
dinheiro, celulares, câmeras... todas essas coisas eram importantes, tinham o
seu valor. Mas não tanto a ponto de estragar nosso final de semana. Haviam nos
tirado bens materiais, mas nossa alegria, nossa vontade de fazer festa e se
divertir com as pessoas que estavam ao nosso redor, isso ninguém conseguiria
tirar. Éramos uma família ali reunida. Uma grande família. A família
Morgenstern! E assim como o brilho da estrela que dá nome à nossa família, a
nossa felicidade seria a última coisa a se apagar. E foi. Realmente foi. Erguemos a cabeça, e
continuamos nossa estada na praia como se nada tivesse acontecido. Tínhamos uns
aos outros, e era isso que importava. Por maiores que tivessem sido os
prejuízos materiais, estarmos ali reunidos simplesmente não tinha preço.
Lágrimas haviam sido derramadas, mas não superavam nem de longe os sorrisos e
abraços que trocávamos, querendo através deles dizer: “ei amigo, eu estou aqui,
e está tudo bem, porque estamos todos bem!” Continuamos com nossa festa, e logo
já estávamos fazendo piadas sobre o ocorrido.
É
certo que vai levar algum tempo para tudo entrar nos eixos (me refiro tanto ao
lado psicológico quanto ao lado material da situação). Mas o mais importante
aconteceu: nesse final de semana, pudemos ter uma idéia do quão forte somos
como um grupo, como uma família. E se ainda restava alguma dúvida, agora creio
que todos temos certeza de que, por mais desesperadora que possa parecer a situação,
sempre poderemos sair dela numa boa, pois nós sempre teremos uns aos outros, e
isso basta!
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